Menina de 6 anos, diagnosticada com pneumonia, foi a primeira usuária da unidade de saúde do governo do Estado a passar pelo procedimento videotoracoscopia
O método menos invasivo evita infecções hospitalares e permite uma recuperação mais rápida dos pacientes. |
O Hospital Regional Público da
Transamazônica (HRPT), no município de Altamira, que integra a rede de saúde
pública estadual no oeste paraense, realizou pela primeira vez o procedimento
decorticação pulmonar por meio de videotoracoscopia. Antes, esse tipo de
cirurgia só havia sido feito de forma convencional.
Karla Gabrielle, 6 anos,
moradora do município de Brasil Novo, na mesma região, a mais de 40 quilômetros
de Altamira, foi a primeira paciente a passar pelo procedimento no HRPT. A
menina apresentava desconforto respiratório, febre e sinais de infecção generalizada,
e foi diagnosticada com pneumonia. Ela chegou a passar por atendimento em uma
unidade de saúde em Brasil Novo, mas precisou ser transferida para o Hospital
Regional.
Segundo Alfredo Abud, cirurgião pediátrico, o quadro de saúde da paciente era considerado "complicado". A cirurgia ocorreu devido a um encarceramento pulmonar, o qual é a formação de um tecido fibroso, o qual dificulta a expansão do pulmão devido à infecção gerada por secreções.
Médico Alfredo Abud fez a cirurgia no Hospital da Transamazônica |
“Foi realizada inicialmente a drenagem de tórax do lado direito, para retirada da secreção purulenta na pleura, e uso de antibióticos injetáveis. A criança apresentou melhora após as medidas iniciais, porém o pulmão direito ficou colapsado. Não conseguia expandir por conta do processo infeccioso”, explicou o médico responsável pela cirurgia.
Tranquilidade -
A paciente ficará em recuperação na unidade, sob os cuidados de médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais.
“Eu fiquei desesperada no
início porque, em casa, a minha filha gritava de dor, sentia dificuldade para
respirar, e graças a Deus ela já foi operada e está bem. Agradeço a todos que
estão cuidando dela. Também fico mais tranquila porque a gente não precisou se
deslocar para uma cidade longe. Quero que a minha filha se recupere logo para
gente ir para casa”, disse Vitória Cruz, mãe de Karla.
De acordo com Yara Gomes,
coordenadora de Enfermagem do Centro Cirúrgico, a equipe se empenhou no
procedimento inédito. “A nossa maior preocupação é garantir as cirurgias
seguras aos nossos usuários. Tanto que a meta 4 é considerada uma das metas internacionais
de segurança do paciente, regra estabelecida pela Organização Mundial de Saúde
(OMS). A equipe de Enfermagem sempre participa dos treinamentos com o apoio do
Núcleo de Qualidade e Núcleo de Educação Permanente. Isso, com certeza, melhora
a eficiência dos colaboradores e, consequentemente, na organização e aplicação
dos processos criteriosos do Centro Cirúrgico”, explicou a coordenadora.
Rápida recuperação -
Videotoracoscopia é uma cirurgia que permite visualizar, por meio de
equipamentos, o interior dos órgãos no tórax e o espaço pleural, com o uso de
um tubo com uma microcâmera. Os médicos ressaltam que o procedimento é
considerado minimamente invasivo, ao contrário das cirurgias convencionais.
De acordo com Leonardo
Rodrigues, diretor Técnico do Hospital da Transamazônica, esse tipo de cirurgia
representa mais um avanço para a segurança dos pacientes da região. "A
cirurgia convencional é considerada mais invasiva, e o paciente se torna mais
vulnerável a possíveis complicações, como sangramentos e infecções, além do
maior tempo de recuperação e internação. Em contrapartida, quando utilizamos a
cirurgia assistida, a segurança é maior, possibilitando a redução desses
riscos”, reiterou o diretor.
O Hospital Regional Público da
Transamazônica é gerenciado pelo Instituto Acqua, em parceria com a Secretaria
de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Nenhum comentário: