Norte Energia investe em projeto de barco elétrico para contribuir com a mobilidade fluvial da Amazônia e descarbonizar rios
Concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte pretende desenvolver embarcações a preços acessíveis para a população da região; Trabalho está sendo realizado por professores UFPA
Buscando dar um passo
importante em direção à mobilidade fluvial da Amazônia e contribuir para a
descarbonização dos rios, a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica
Belo Monte, iniciou um novo projeto para desenvolver barcos elétricos em escala
comercial e a preços acessíveis para a população da região. Apelidado de
Enguia, em alusão ao peixe-elétrico, o trabalho está sendo realizado por
professores de Engenharia Naval Universidade Federal do Pará (UFPA).
Os pesquisadores, que já
atuaram em outros projetos da companhia para desenvolver embarcações elétricas,
duas voadeiras e um catamarã, têm agora como missão construir uma voadeira
elétrica nacional completa, bem como o sistema de carregamento elétrico, com
bases flutuante e terrestre. Esse estudo é um projeto de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (PDI), regulados pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL).
“O desafio é grande, mas a expertise que adquirirmos com os dois projetos anteriores nos garante a segurança que precisamos para darmos mais esse passo. Queremos tornar a tecnologia dos nossos barcos elétricos acessível a todos, de maneira que num futuro não muito distante possa ser uma realidade nos rios da região amazônica”, disse Sílvia Cabral, Diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia.
Há um mês, a companhia
concluiu o projeto do primeiro barco elétrico da região, um catamarã que se
integra a dois ônibus movidos a energia solar, formando o primeiro corredor
verde da Amazônia. Eles circulam no campus da UFPA, em Belém. Juntos, os modais
têm capacidade para transportar 2 mil pessoas por dia e evitar o lançamento de
161 toneladas de CO2 na atmosfera por ano, o que equivale a 30 carros populares
circulando no mesmo período. Só o catamarã evitará a emissão, por ano, de 100
toneladas de gases de efeito estufa.

Desde maio, a primeira voadeira elétrica amazônica, o Poraquê I, está em atividade na operação da usina, em Altamira, no Pará. Com a medida, ao final de cada mês, a empresa calcula que, em substituição à embarcação tradicional a diesel, tenham deixados de ser consumidos cerca de 1.400 litros de combustíveis fósseis. Os professores da UFPA estão em fase final de testes do motor do segundo protótipo, o Poraquê II. As voadeiras transportam de seis a oito pessoas, têm velocidade média de 27 km/h e autonomia para percorrerem 40 km.
“Os nossos projetos de barcos elétricos podem proporcionar mudanças importantes na vida da população local, já que o custo com combustível para transporte compromete grande parte da renda das famílias. E enquanto promovemos a mobilidade fluvial na Amazônia, deixam de ser emitidas toneladas de gases de efeito estufa. Em 2019, quando começamos os projetos, não podíamos prever que seriam concluídos em um momento tão oportuno, às vésperas da COP 30. Estamos orgulhosos desse legado”, comemora Sílvia.
O catamarã e as voadeira
elétricas também são projetos de PDI da Norte Energia, regulados ANEEL. A
escolha desses trabalhos pela companhia se explica porque a maior bacia
hidrográfica do mundo está localizada na Amazônia. Nessa região, os barcos a
combustíveis fósseis representam o principal meio de transporte da população,
especialmente nas comunidades ribeirinhas.
“Ambientalmente falando é uma embarcação que possui zero adição de gás carbônico, ela é totalmente elétrica, a energia que abastece as baterias é de usina fotovoltaica. Não utilizamos combustíveis, lubrificantes, o nível de ruídos é menor do que de uma embarcação comum. Então quando se fala de impacto ambiental ela é muito mais vantajosa do que a que funciona a combustão. Do ponto de vista social, o custo operacional é menor, não usamos gasolina, disponibilizando o transporte de forma mais acessível para população que pode facilmente recarregar as baterias sem custo de operação”, explicou o professor Emannuel Loureiro, Engenheiro Naval e pesquisador da UFPA.
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